O VI Encontro Regional de Saúde do Trabalhador, ontem, atraiu profissionais de 48 municípios para a vigilância no combate ao amianto. Em São Paulo a lei estadual 12.684 de 2007 proíbe o uso, mas ainda há o comércio de produtos contendo essa substância, provenientes de outros estados, inclusive em Marília.
O encontro foi realizado pelo Cerest (Centro de Referência à Saúde do Trabalhador) na Secretaria Municipal da Saúde na manhã de ontem. O objetivo é multiplicar o conhecimento sobre o amianto e sua proibição, por conta dos graves e irreversíveis danos à saúde.
Luciana Caluz, supervisora do Cerest Regional Marília |
“Os trabalhadores com amianto são os que mais sofrem seus efeitos, mas o uso também é um problema”, disse a supervisora do Cerest, Luciana Caluz Carvalho Pereira. De acordo com ela, a sociedade precisa parar de produzir, vender e consumir produtos com amianto.
A substância cancerígena pode estar presente em materiais de construção, como telhas, caixas d’água, vasos, tubulações, divisórias, pisos, forros, etc. E já foi encontrado até mesmo em cosméticos.
Segundo Luciana Caluz os materiais com amianto não vêm com essa informação explícita e, embora a lei estadual proíba o seu uso na Indústria desde 2007, a produção com a substância nas cidades paulistas só cessou, de fato, a partir de janeiro deste ano. E o comércio ainda acontece, através de produções de outros estados.
Em Marília, a Saúde Municipal identificou a presença de amianto na comercialização de vasos, telhas e caixas d’água. “Não temos como eliminar o amianto das construções prontas, mas podemos e devemos combater a continuidade do seu uso”, frisou a supervisora do Cerest.
Kátia Ferraz Santana, secretária de Saúde de Marília |
No Brasil, por enquanto, apenas dez estados baniram o amianto da Indústria. E existem alternativas viáveis, como fibra de vidro, cerâmicos, entre outros. Atualmente há dez CIDs (Classificações Internacionais de Doenças) relacionadas ao contato com amianto. São vários os tipos de câncer e quem tem amianto em seu corpo permanece sempre no grupo de risco para a ocorrência de novas doenças a qualquer tempo.
Luiz Carlos - DRS IX |
“Já estive doente, passei por tratamento e cirurgia e sei que não há cura. Posso morrer a qualquer instante por conta disso”, disse o presidente da Abrea (Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto), Eliezer João de Souza, que trabalhou durante 13 anos com o amianto. A Abrea trabalha também pelos direitos dos trabalhadores que adoeceram por causa do amianto.
Eliezer foi um dos palestrantes do encontro. E palestraram também a engenheira da Abrea, Fernanda Gianassi e a coordenadora estadual de Saúde do Trabalhador, Simone Alves dos Santos. O evento foi aberto por autoridades municipais, incluindo a gestora de Saúde, Kátia Santana.
Simone Alves, Saúde do Trabalhador SP |
A partir das informações apresentadas e das dúvidas esclarecidas os profissionais de saúde dos 48 municípios que aderiram ao evento pactuarão estratégias para combater o comércio do amianto. O Cerest iniciou também uma pesquisa de identificação dos pacientes que adoeceram por conta do contato com a substância.Dez
Texto: Carolina Godoy - Jornal da Manhã Marília
Foto: Júlio César de Carlis / PMM
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